INTEGRACIÓN Y CONOCIMIENTO |
N° 7 |
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ISSN 2347 - 0658 |
Vol. 2 Año 2018 |
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Resenha do libro
MENEGHEL, Stela Maria; CAMARGO, Murilo S; SPELLER, Paulo. De Havana a Córdoba: duas décadas de Educação Superior na América Latina. Blumenau: Editora Nova Letra.
Fabiane Robl
Universidade de São Paulo fabiane.robl@gmail.com
Na obra “De Havana a Córdoba: duas décadas de Educação Superior na América Latina”, os organizadores Stela Maria Meneghel, Murilo Silva de Camargo e Paulo Speller conseguiram reunir autores importantes que vêm ha décadas se dedicando à melhoria da Educação Superior na América
Latina e Caribe e, principalmente, discutindo e defendendo a sua importância como um direito e um 169 bem público. Esta obra marca os cem anos da Reforma Universitária de Córdoba e reune nove artigos, dispostos em três partes. Sendo a primeira sobre a integração, democratização e equidade da Educação Superior
das expectativas aos desafios.
A primeira parte traz dois artigos: “A Educação Superior nas últimas décadas – Contextos e cenários de uma cooperação possível” de Marco Antonio Rodrigues Dias e “La Conferencia Regional de Educación Superior de La Habana (1996) y la democratización de América Latina” de Carlos Tünnerman Bernheim e Francisco López Segrera. Estes recuperam o histórico e os princípios da Reforma Universitária de 1918 em Córdoba, movimento este, que teve importante papel no desenvolvimento da Educação Superior na região.
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ao perceber que muitos dos princípios da
A segunda parte, “A privatização da Educação Superior
políticas nacionais aos objetivos e interesses dos atores mais poderosos do sistema internacional e, 170 portanto, os países em desenvolvimento se manifestaram em posição contrária a ela.
Ana Lúcia Gazzola e Sueli Pires trazem em seu texto “A Conferência Regional de Educação Superior na América Latina - CRES 2008 e a defesa da Educação Superior como um bem público e social”: a preocupação de que mesmo passados 10 anos da CRES 2008, alguns desafios permanecem inalterados e outros se agravaram, tais como a expansão desenfreada do ensino privado em muitos países da região; a redução significativa do financiamento da Educação Superior pública; o avanço insuficiente de respostas das universidades às demandas sociais; a fragilidade da articulação entre as universidades e o sistema educacional como um todo e, por útimo, as dificuldades na viabilização de ações conjuntas das universidades para o desenvolvimento científico e tecnológico. As autoras destacam que neste cenário desfavorável
O texto “La Conferencia Regional de Educación Superior y La Conferencia Mundial de 2009 – El Papel de América Latina”, de Rafael Guarga e Fernando Sosa, segue na mesma linha, ao enfatizar que a Educação Superior é um direito humano e um bem público social e cabe aos Estados assegurar este direito. Os autores destacam que suprimir a noção de bem público não pode ser considerado como um ato inocente, e menos ainda quando o adjetivo global é adicionado. O global não significa abertura, mas representa limitações. Serve para justificar posições e atitudes neocolonialistas. Para Guarga e Sosa, os Estados devem ter em mente a importância de que as instituições que oferecem Educação Superior tenham um compromisso com o desenvolvimento local e sustentável, além de
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manter seus níveis de qualidade e relevância adequados às necessidades e objetivos propostos para cada região.
Em síntese estes três artigos manifestam a preocupação em defesa da educação como bem público e rejeitam o conceito de educação como mercadoria, tal como defendido pela OMC.
Na terceira parte, “Perspectivas para a Educação Superior
Na sequência, Luis Yarzábal,
No texto “Los (des) caminos de La Educación Superior latinoamericana: De La CRES 2008 a la construcción de un escenario de transformación”, Axel Didriksson, discute que nos próximos anos, a
universidade não pode ser planejada a partir de um modelo único, não só porque seria impossível, 171 igualar o universal de uma instituição pluralista e autônoma, mas também porque temos sistemas muito diversificados, diferentes tipos e níveis de IES, nos setores público e privado, em diferentes contextos. O que se pode propor é a construção de uma identidade regional, princípios fundamentais epistêmicos e organizacionais comuns e, acima de tudo, uma visão de futuro em relação a uma sociedade de referência desejável. Em suma, a pergunta que o autor faz é: uma Universidade para
qual sociedade?
Por sua vez, Carlos Tünnermann Bernheim (2018), no artigo intitulado “Los desafíos de La universidad en el Siglo XXI y la universidad del futuro” traz relexões sobre o grande desafio que a globalização e a sociedade do conhecimento impõem à Educação Superior. E neste sentido, o autor aponta que o maior desafio, talvez, seja o de forjar uma Educação Superior capaz de inovar, transformar, participar criativamente e competir no conhecimento internacional. Para isso, é fundamental priorizar os investimentos em educação e reconhecer o papel estratégico da Educação Superior na formação de pessoal de alto nível, na inteligência científica e na geração, transmissão e disseminação de conhecimento. Em resumo, para o autor, uma universidade onde as ciências, as humanidades e as artes encontram um beiral propício; a inovação, a imaginação e a criatividade sua habitação natural, é “la barca del sueño que en el espacio boga” un lugar seguro donde atracar”. (p.279)
Em linhas gerais, a leitura deste livro proporciona uma visão histórica acerca da realização das Conferências Regionais de Educação Superior (CRES de 1996 e 2008), assim como das Conferências Mundiais sobre a Educação Superior (CMES 1998 e 2009) e dos processos de implantação da Educação Superior na América Latina e Caribe. Também nos convida a refletir sobre a concepção de Educação Superior como um bem público e instrumento de desenvolvimento sustentável e de
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cooperação regional. Reafirmando o significado da educação como bem social, direito humano, responsabilidade do Estado e fator estratégico do desenvolvimento sustentável, temas estes que marcaram a III CRES (2018/Córdoba): “Cem anos da Reforma Universitária de Córdoba: Para um Novo Manifesto da Educação Universitária
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