Revista Pymes, Innovación y Desarrollo
Vol. 9, No. 1, pp.
Declustering: uma análise para o APL de cerâmica estrutural em Ituiutaba - MGξ
Juliene Barbosa Ferreira*
Camila de Oliveira Guarda**
Resumo
Os benefícios e vantagens para as empresas, advindas da formação estratégica em arranjos produtivos, tem sido amplamente discutidos na literatura. No entanto, pouco se vê, estudos sobre o declínio ou “morte” de um arranjo produtivo. Neste sentido, este estudo tem por objetivo analisar o arranjo produtivo de cerâmica estrutural no município de
Abstract
The benefits and advantages for companies, arising from strategic training in productive arrangements, have been widely discussed. However, little is seen in the literature, studies on the decline or "death" of a productive arrangement. In this sense, this study aims to analyze the productive arrangement of structural ceramics in the municipality of
ξRecibido 10 de marzo de 2021 / Aceptado 22 de julio de 2021.
*Doutora Economia - Universidade Federal do Triângulo Mineiro/ UFTM. Correo electrónico: juliene.ferreira@uftm.edu.br
**Graduada em Administração - Universiade Federal de Uberlândia/ UFU. Correo electrónico: camila.guarda.adm@gmail.com
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Keywords: Productive Arrangement; Territorial Governance; Declustering.
Resumen
Los beneficios y ventajas para las empresas, resultantes de la formación estratégica en arreglos productivos, han sido ampliamente discutidos en la literatura. De todos modos, hay pocos estudios sobre el deterioro o “muerte” de un arreglo productivo. En este sentido, el estudio tiene por objetivo analizar el arreglo productivo de cerámica estructural en el municipio de
Palabras claves: Arreglo Productivo; Gobernanza Territorial; Declustering.
Código JEL: L22; L61; R11
1.INTRODUÇÃO
A indústria da cerâmica estrutural (também denominada cerâmica vermelha), no Brasil
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de enchimentos (laje), elementos vazados e também argila expandida. Além disso, está presente em itens de uso doméstico, como filtros e panelas de barro.
As empresas ceramistas
Uma das estratégias, atualmente, utilizadas pelas empresas, e em alguns casos, incentivadas pelas instituições governamentais, é a cooperação (Suzigan, et al., 2006). Essa estratégia adquire um caráter mais formal
Conforme Cardoso, Carneiro e Rodrigues (2014) as empresas inseridas em aglomerados produtivos criam laços de articulação, combinam competências, aumentam o poder de compra, oferecem uma gama de produtos mais diversificados, interagem trocando informações entre si criando melhorias e novas ideias entre todos, o que permite melhorar a competitividade. Vahl (2009) aponta que a governança do APL é um dos fatores essenciais tanto para garantir a sua promoção e desenvolvimento, bem como, a sua ausência, pode levar ao declínio do arranjo.
No entanto, alguns autores como Franzolim (2018), Lazzeretti e Capone (2017), Menzel e Fornahl (2009), Zaccarelli (2008) afirmam que é possível, em detrimento de alguns fatores, que um arranjo produtivo se decline e venha deixar de existir. Esse processo é caracterizado como declustering, que pode envolver fatores endógenos, os quais são oriundos da própria localidade e os fatores exógenos, que se referem aos acontecimentos ou a descontinuidades no ambiente externo ao arranjo.
Empresas organizadas em arranjos, portanto, experimentam um crescimento mais forte e uma inovação mais rápida do que aquelas fora deles, porém, tais vantagens podem se tornar desvantagens à medida que as empresas agrupadas ficam presas a uma trajetória antiga de sucesso e perdem a capacidade de inovar (Grabher, 1993). A diminuição da atividade inovadora, por sua vez, marca o início do declínio de um arranjo (Pouder, John, 1996). No entanto, poucos são os trabalhos que se destinam a estudar, de forma aplicada, o declínio de um arranjo produtivo.
Diante disso, o problema de pesquisa que norteia esse trabalho é: quais os fatores podem levar um arranjo produtivo, uma vez constituído, a deixar de existir?. Neste sentido, este estudo tem por objetivo analisar o Arranjo Produtivo Local de cerâmica estrutural no município de
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Assim, este artigo está estruturado em cinco seções além desta introdução, sendo a seção dois destinada a apresentar os conceitos e abordagens sobre arranjo produtivo local, os fatores e características que podem impulsionar o desenvolvimento das empresas inseridas no arranjo, e ainda apontar a existência de condições que fazem com que os arranjos passem por um ciclo de vida, podendo culminar em seu total declínio. A terceira seção apresenta os aspectos metodológicos necessários para a consecussão deste trabalho. A discussão dos resultados para o APL de Cerâmica Estrutural localizado em Ituitaba
2.ARRANJO PRODUTIVO LOCAL: CONCEITOS E ABORDAGENS
Atualmente,
Os estudos sobre aglomerados produtivos se apresentam sob diversas nomenclaturas, tais como: Distrito Industrial (Marshall, 1920; Becattini, 1994), Clusters (Porter, 1999), Arranjo Produtivo Local (APL) ou Sistemas Locais de Produção e Inovação (Cassiolato; Lastres, 2003). Essas diferentes denominações ocorrem em detrimento da matriz teórica utilizada como arcabouço pelos diversos autores. Para Gonçalves, Leite e Silva (2012) a diversidade de características históricas e culturais de cada país dificulta formar um conceito exato para os inúmeros tipos de aglomerados locais.
Para este trabalho foi adotado, o conceito de APL. A formulação do conceito de APL, que mais se aproximasse da realidade do contexto brasileiro, se deu por meio do esforço da Rede de Pesquisa em Arranjos e Sistemas Produtivos e Inovativos Locais (RedeSist). Para a RedeSist, o APL tem como foco um conjunto específico de atividades econômicas espacialmente localizadas e setorialmente especializadas, voltadas à geração e difusão de novos produtos e processos, combinando elementos do referencial evolucionista e da visão neoschumpeteriana de sistemas de inovação (LASTRES, 2007).
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desenvolvimento tecnológico, das empresas neles inseridas (Amato Neto, 2008; Cassiolato, Lastres, 2003).
Uma das vantagens da organização do arranjo é o ganho de eficiência coletiva. A eficiência coletiva é a soma dos ganhos de eficiência interna ao arranjo, que são os ganhos planejados, buscados intencionalmente – com os ganhos de eficiência externa ao arranjo, que se referem aos ganhos não planejados, mas que, somados, contribuem de forma progressiva para o desenvolvimento individual e coletivo (Schmitz, 2005). Outra vantagem é decorrente da localização geográfica do APL. Essa aproximação gera uma sinergia entre fornecedores, mão de obra, capacitação, especialização, interação com órgãos públicos e fomento à criação de novas empresas. Sendo assim, o APL possibilita o desenvolvimento dos agentes envolvidos em processos locais e regionais de produção e inovação (Cassiolato, Lastres, 2003).
Uma importante característica do APL a ser destacada é a governança, em que os agentes que compõem o APL determinam seus objetivos e desenvolvem ferramentas de ação coletiva. Suzigan, Garcia e Furtado (2007), entendem a governança como sendo a capacidade de comando ou coordenação que alguns atores do APL (empresas, instituições, ou mesmo um agente coordenador) exercem sobre as
A maneira como a governança será criada e trabalhada dependerá de diversos fatores específicos, uma vez que cada APL possui suas características individuais. Assim, a governança só se aplicará em casos em que os atores locais estiverem interessados em irem além dos benefícios das vantagens competitivas consequentes da economia externa dos APL’s e buscar participarem de iniciativas coletivas ou realizarem ações conjuntas (Mudambi et al., 2017).
Sendo assim, não é sempre que uma governança será efetivamente exercida e menos ainda exigida. Contudo, quando ocorre a governança é necessário que se tenha uma estrutura. Como aponta Suzigan, Garcia e Furtado (2007) o desenvolvimento dessa estrutura depende de fatores como: - quantidade e tamanho das empresas inseridas no APL; - finalidade do produto ou da sua atividade econômica e sua tecnologia; - modelo de organização da produção; - maneira que se inserem no mercado; - condição de se capacitarem e terem ativos estratégicos de natureza tecnológica, comercial, produtiva ou financeira; - a presença de instituições locais com representatividade política, econômica e social, interagindo com o setor produtivo; e - um contexto
Esse conjunto de características de um arranjo permite que elas sejam agrupadas de maneira que seja possível criar uma classificação para o estágio em que se encontra o arranjo. Várias são as abordagens utilizadas para classificação dos APL’s, como a proposta por Franzolin (2018), Vahl (2009), Suzigan et al. (2006), entre outros. No entanto, para a concepção deste trabalho, o aporte teórico utilizado se firma na abordagem de classificação fundamentada pelos autores supracitados (Franzolin, 2018; Vahl, 2009; e Suzigan et al., 2006). De acordo com estes autores, os APL’s podem ser classificados com base na governança e na importância que este tem para o desenvolvimento local/ regional, na sua capacidade de espraiar conhecimento e inovação, ou ainda, conforme o ciclo de vida das empresas inseridas no arranjo.
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A metodologia adotada por Suzigan et al. (2006), classifica os arranjos em quatro tipos, considerando sua relevância para o desenvolvimento do local em que estão inseridos e sua participação total na geração de empregos no setor. Essas quatro tipologias foram desenvolvidas com o objetivo de distinguir os diversos estágios de APL’s em cada estado Brasileiro, abrangendo todo território nacional, com o intuiuto de estabelecer diferentes questões políticas, mais relacionadas com a disposição produtiva, industrial e institucional de cada APL, como pode ser observedo no quadro 1.
Quadro 1 – Tipologia de APL’s conforme sua importância para a região e para o
setor
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Importância para o Setor |
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Reduzida |
Elevada |
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Elevada |
Vetor de desenvolvimento |
Núcleos de desenvolvimento |
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local |
setorial regional |
|
Importância |
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Local |
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Embrião de arranjo |
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Reduzida |
Vetores avançados |
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produtivo |
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Fonte: Suzigan et al. (2006)
A primeira tipologia estabelecida por Suzigan et al. (2006)
Nesse contexto, é possivel fazer um apanhado das características e dos indicadores que permitem identificar o estágio em que o APL se encontra. A Associação Europeia de Agências de Desenvolvimento (EURADA, 1999) publicou um relatório, no qual elenca as características principais atribuídas a um APL, cujos indicadores podem ser utilizados para mensurar cada característica.
Vahl (2009) elaborou um quadro, no qual apresenta uma síntese das principais características e os indicadores que podem ser analisados em cada uma, segundo a proposta desenvolvida pela EURADA (1999). O autor aponta sete principais características com seus respectivos indicadores. Fatores como a concentração da economia por meio da evolução do quociente de locação. Avalia o desempenho econômico financeiro do arranjo e das empresas ali inseridas, considerando aumento do
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faturamento das empresas, aumento ou mortalidade das empresas, grau de endividamento. Outra característica é o grau de horizontalização das empresas, medido por meio da terceirização das atividades da cadeia produtiva no arranjo.
A verticalização da região, outra característica, avaliada pelo crescimento do QL de indústria correladas na região e aumento do número de empresas. A cooperação entre as empresas é a quinta característica avaliada, além da cooperação com associaçoes, instituições de apoio e governo. E por fim, a sétima característica é relativa ao nível de desenvolvimento social da região, medido por meio da evolução do IDH, evolução da renda per capita e nível de desemprego local.
Quadro 2 – Características e Indicadores do Estágio de Desenvolvimento de um
APL
Característica |
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Indicadores |
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Concentração da |
Evolução do quociente de localização: |
||
• |
De |
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economia |
|||
• |
Do número de empresas |
||
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|||
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• |
Crescimento do faturamento |
|
Desempenho econômico |
• |
Crescimento das vendas |
|
• |
Grau de endividamento |
||
financeiro |
|||
• |
Crescimento do tamanho das empresas |
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• |
Taxa de mortalidade empresarial |
|
Horizontalização das |
Avaliação da cadeia produtiva (terceirização) |
||
empresas |
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|
Crescimento do QL de indústrias correlatas e de apoio |
||
Verticalização da região |
Crescimento do número de empresas da região (fornecedores, |
||
|
fabricantes de máquinas, equipamentos e componentes) |
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|
||
|
Intensidade de atividades conjuntas como: |
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• |
Formação e treinamento de pessoal |
|
Cooperação entre as |
• |
Compra conjunta de insumos |
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• |
Transporte |
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empresas |
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• |
Formação de redes e consórcios |
||
|
|||
|
• |
Participação em feiras e eventos |
|
|
• |
P&D |
|
|
Intensidade de atividades em parceria: |
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|
• |
Formação e treinamento de pessoal |
|
Cooperação com |
• |
Participação em feiras e eventos |
|
associações, instituições |
• |
P&D |
|
de apoio e governo |
• |
Consultorias |
|
|
• |
Crescimento de financiamentos |
|
|
• |
Crescimento de reivindicações coletivas |
|
Nível de desenvolvimento |
• |
Evolução do IDH |
|
• |
Evolução da renda |
||
social da região |
|||
• |
Nível de desemprego local |
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Fonte: Vahl (2009)
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Vahl (2009) faz, ainda, uma relação entre as características proposta pela EURADA (1999) e o estágio de desenvolvimento de um APL sistematizado por Suzigan et al.
(2006). O autor amplia essas análises e relaciona cada estágio de desenvolvimento e suas características com as variáveis que podem ser consideradas para caracterizar o estágio de desenvolvimento do arranjo produtivo.
Quadro 3. Correlação entre o estágio do APL e as características
Característica/estágio |
|
Vetor de |
Vetores |
|
Núcleos de |
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de desenvolvimento |
Embrião |
desenvolvimento |
|
desenvolvimento |
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avançados |
||||||
do APL |
|
local |
setorial regional |
|||
|
|
|
||||
Concentração da |
QL<1, porém |
|
QL em |
|
QL alto porém em |
|
QL >1 |
aceleração |
|
||||
economia |
crescente |
|
desaceleração |
|||
|
crescente |
|
||||
|
|
|
|
|
||
|
|
|
|
|
|
|
Desempenho |
Aumento do |
Aumento das |
Diminuição do |
Aumento do |
||
tamanho das |
vendas e do |
faturamento e vendas |
||||
econômico financeiro |
endividamento |
|||||
empresas |
faturamento |
em novos mercados |
||||
|
|
|
||||
|
|
|
|
|
|
|
Horizontalização das |
Inexistente |
Inexistente |
Incipiente |
|
Alto nível de |
|
empresas |
|
terceirização |
||||
|
|
|
|
|||
|
|
|
|
|
|
|
Verticalização da |
Inexistente |
Inexistente |
Cadeias |
de |
Alto nível de |
|
região |
suprimentos |
|
autoconsumo |
|||
|
|
|
||||
|
|
|
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Cooperação entre as |
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Relações |
Formação de |
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Inexistente |
Redes e |
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Consórcios diversos |
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empresas |
comerciais |
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||||
|
consórcios |
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|||
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Cooperação com |
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Fraca e com |
Moderada, |
|
|
|
associações, |
Fraca e sem |
apresentando |
Alta, com surgimento |
|||
sobreposição de |
||||||
instituições de apoio e |
foco |
sobreposição |
de uma ADR |
|||
papéis |
||||||
governo |
|
de papéis |
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Crescente, alta |
Moderado, |
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Nível de |
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taxa de |
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baixa |
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Moderado, aumento da |
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desenvolvimento |
Baixo |
informalidade e |
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distribuição de |
renda per capita |
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social da região |
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crescimento |
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renda |
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demográfico |
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Fonte: Vahl (2009) |
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Outra abordagem para análise do desenvolvimento/ crescimento de APL foi proposta por Costa et al. (2018) nomeado de regime de crescimento. Os autores associaram a temática do regime de crescimento de nações e mais recentemente de crescimento regional, desenvolvido pela Escola da Regulação Francesa, à dinâmica do desenvolvimento/ crescimento de um APL, o qual se fundamenta em três vetores, sendo: o regime de produtividade; o regime de demanda; e o regime institucional.
Neste contexto, o regime de produtividade de uma APL
Esta análise pode ser realizada por meio do entendimento da organização dos mercados se mediante competição ou cooperação; cadeias muito longas (que incluem mercado mundial), longas (mercado nacional) ou curtas (mercado local); ou ainda se submetido a assimetrias desfavoráveis, que possuem um tomador de preços. O terceiro vetor do regime de crescimento é o regime institucional do APL. Ele se dá na interação entre o ambiente institucional, cultural e político local, com elementos da governança do APL e da cadeia de valor a qual pertence.
.Embora os estudos sobre o desenvolvimento de arranjos produtivos, clusters e ou distritos industriais, não sejam recentes, e apontem as várias vantagens que as empresas inseridas nestas aglomerações podem alcançar, existe uma discussão mais recente que indica que estes arranjos também possuem ciclo de vida, chegando a um estágio de maturidade, que tendem ao declínio completo, sendo chamado de declustering.
Alguns autores como Franzolim (2018), Lazzeretti e Capone (2017), Menzel e Fornahl (2009), Zaccarelli (2008) afirmam que, embora as empresas constituidas em aglomerados produtivos possam experimentar um crescimento mais rápido do que aquelas fora deles, estas vantagens podem não se sustentar por longo tempo. Grabher (1993) e Mudanbi et al. (2017) afirmam que a inovação é constante nas fases iniciais dos APLs, no entanto, com o tempo, a capacidade de inovar pode diminuir, provocando uma estagnação no desenvolvimento das empresas e no aglomerado.
Segundo Menzel e Fornahl (2009), os arranjos produtivos seguem estágios de desenvolvimento, sendo: o surgimento, na qual se destacam as práticas cooperativas e o acúmulo de capital social, os quais podem contribuir para a atuação de agentes inovativos e atividades empreendedoras; o crescimento, momento em que há combinação entre economias de aglomeração e surgimento de novas firmas, estimulando a formação de alianças estratégicas, acordos de cooperação e a integração de conhecimentos e competências complementares; o terceiro estágio é o de sustentação, no qual há o acirramento da competição, ao mesmo tempo em que se observa a estabilização do crescimento das empresas aglomeradas; por fim, o estágio em que começa o declínio do arranjo. Neste estágio,
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Franzolin (2018) fez um levantamento da literatura, buscando identificar fatores endógenos e exógenos ao arranjo que influenciam em sua capacidade de desenvolvimento, crescimento e até sua morte. Os fatores endógenos são intrinsecos ao arranjo produtivo, e se apresentam como a falta de inovação,
Os fatores exógenos, por sua vez, provém de várias situações. A concorrência de empresas externas ao arranjo é apontada como um dos principais fatores que podem contribuir para o declínio de um APL. Empresas concorrentes externas, que praticam estratégias mais agressivas, que podem fazer com que as empresas pequenas, mesmo inseridas em arranjos, não consigam competitir no mesmo patamar.
Fatores como falta de apoio não governamental, já estudados por Cassiolato e Lastres (2003), Suzigan, Garcia e Furtado (2007) e Amato Neto (2008), podem ser decisivos para promoverem o desenvolvimento das empresas inseridas em arranjos em regiões que carecem de investimentos em infraestrutura e coordenação sistêmica dos agentes envolvidos. As recessões econômicas também são apontadas como um fator exógeno, que desfavorece toda uma economia e desestabiliza as vantagens outrora alcançadas por micro e pequenas empresas inseridas nos arranjos.
Quadro 4 – Fatores influenciadores no desenvolvimento de um APL.
Origem |
Fatores observados |
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• |
Falta de inovação |
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• |
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• |
Concorrência interna |
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Fatores endógenos |
• |
Homogeneidade |
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• |
Salários e benefícios onerosos |
|
|
• |
Governança |
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|
• |
Investimento não diversificado |
|
|
• |
Concorrência externa |
|
|
• |
Falta de apoio governamental |
|
Fatores exógenos |
• |
Recessões econômicas |
|
• |
Baixa diversificação |
||
|
|||
|
• |
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|
Falta de investimento / infraestrutura |
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|
• |
Globalização |
Fonte: Franzolin, (2018)
A revisão dessa literatura, apresentando a classificação dos APLs por estágio de desenvolvimento e dos fatores que podem contribuir para o desenvolvimento ou declínio de um arranjo, permite conduzir uma análise específica para o APL de cerâmica estrutural localizado no município de Ituiutaba/ MG. Assim, a próxima seção
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contribui apontando os aspectos metodológicos adotados para a construção desse trabalho e, posteriormente,
3.METODOLOGIA
Para o presente estudo, foi selecionado o APL formado por micro e pequenas empresas de cerâmica estrutural sediadas no município de Ituiutaba em Minas Gerais. Neste momento, vale ressaltar que, todos os trabalhos publicados anteriormente que analisaram o APL de Cerâmica Estrutural de Ituiutaba encontraram, no mínimo, 12 empresas ativas (Ferreira, Botelho, 2016). No entanto, no ato da pesquisa de campo para coleta de dados,
Estudos anteriores, apontavam que o APL de cerâmica vermelha de Ituiutaba era robusto, conforme analisado por Suzigan et al. (2006), que foi classificado como Vetor de Desenvolvimento Local. Vale ressaltar, que esse estudo publicado em 2006, foi resultado de uma intensa e extensa pesquisa, realizada em todos os Estados brasileiros, com dados coletados entre 2003 e 2006.
Embora, os dados da pesquisa de Suzigan et al. (2006) possam se referir a anos anteriores, não desmerece os resultados encontrados e aponta o APL de cerâmica estrutural de Ituiutaba como sendo capaz de propulsionar o desenvolvimento local, dado a sua importância para economia local/ regional e seu grau de especialização produtiva.
Outros estudos, conforme apresentado no quadro 5, mostram que ao longo dos anos, desde 2004, o número de empresas ceramistas foi diminuindo, chegando em 2018/ 2019 com apenas duas empresas. Algumas observações são necessárias para melhor compreensão do número de empresas existentes.
Quadro 5 – Estudos Anteriores sobre o APL de Ituiutaba
Número de empresas |
Autor |
Ano* |
22 |
Suzigan et.al |
2007 |
16 |
Dias |
2004 |
13 |
Soares, Leal e Sousa |
2005 |
12 |
Silva e Gomes |
2014 |
12 |
Ferreira e Botelho |
2016 |
Fonte: Elaboração própria, dados dos artigos
*A data informada se refere ao ano que os dados foram publicados.
1Q.L: Quociente Locacional é um indicador bastante utilizado para mostrar a concentração de empresas de uma microrregião em cada classe de atividade econômica.
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Diante dessa realidade,
Desta forma,
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Quadro 6 – Variáveis de análise |
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Autor |
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Variáveis |
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Concentração da economia; |
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Desempenho econômico financeiro; |
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Horizontalização das empresas; |
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Vahl (2009) |
Verticalização da região; |
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Cooperação entre as empresas; |
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Cooperação com associações, instituições de apoio e governo; |
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Nível de desenvolvimento social da região; |
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|
Fatores Endógenos |
|
Fatores Exógenos |
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- Falta de inovação |
|
- Concorrência externa |
|
- Lock in |
|
- Falta de apoio governamental |
Franzolin (2018) |
- Concorrência interna |
|
- Recessões econômicas |
|
- Homogeneidade |
|
- Baixa diversificação |
|
- Salários e benefícios |
|
- Falta de investimento/ infraestrutura |
|
- Governança |
|
- Globalização |
|
- Investimento não diversificado |
|
|
|
|
|
|
Fonte: Elaboração própria com base em Vahl (2009) e Franzolin (2018)
Foram selecionados dois grupos de empresas para a coleta de dados: o primeiro relaciona as empresas em atividade; o segundo é composto pelas empresas que já haviam encerrado suas atividades na ocasião da pesquisa. Esse recorte, como proposto no trabalho de Costa et al. (2018) permite inferir sobre a dinâmica do arranjo, analisando os pontos de vistas tantos da empresas sobreviventes quanto das empresas que não conseguiram se manter. As entrevistas foram realizadas entre fevereiro e março de 2020. Sendo entrevistado o proprietário das empresas ainda ativas, e outros empresários de algumas das cerâmicas que já encerraram suas atividades.
Os dados foram tratados com abordagem qualitativa,
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4.O CASO DO APL DE CERÂMICA ESTRTURAL DE
O município de Ituiutaba – MG está localizado na região do Triângulo Mineiro, sendo considerada a região mais rica do Estado de Minas Gerais. Atualmente apresenta uma população de pouco mais de 100 mil habitantes e renda per capita de aproximadamente R$ 26.615,14 (IBGE Cidades, 2018). Em 2016, o Plano de desenvolvimento o município elaborado pela Companhia De Desenvolvimento Econômico De Minas Gerais (CODEMIG) em parceria com a FIEMG, relatou 145 empresas no seguimento de indústria de tranformação, sendo a maioria de pequeno porte.
Os dados mais recentes sobre o setor, para o município de Ituiutaba, foram publicados pela Pesquisa Industrial Anual (PIA) para o ano de 2019. A tabela 1 mostra o total de empresas existentes em Ituiutaba em 2019.
Segundo Oliveira (2013) em 1955 já existiam em Ituiutaba duas empresas ceramistas. Na década de 1980 já era possível identificar na mesorregião de Ituitaba mais de 20 cerâmicas, sendo localizadas principalmente nas cidades de Ituiutaba, Capinópolis, Canápolis, Gurinhatã, Ipiaçú e Santa Vitória.
Tabela 1 – Número de empresas e Pessoal Ocupado em Ituiutaba para o ano de
2019
Código |
Seções e divisões da classificação |
Números de |
Pessoal ocupado em 31.12 |
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CNAE |
unidades |
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de atividade |
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2.0 |
locais |
Total |
Assalariado |
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Total |
Todos os setores |
2.909 |
22.330 |
18.766 |
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C |
Indústrias de transformação |
196 |
5.026 |
4.767 |
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23 |
Fabricação de produtos de minerais |
23 |
270 |
229 |
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não metálicos |
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23.4 |
Fabricação de produtos cerâmicos |
5 |
186 |
179 |
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para uso na construção civil |
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Fonte: IBGE, PIA (2019)
Em 2011, o Sindicato das Indústrias de Cerâmicas e Olarias do Triângulo e Alto Paranaíba (SINCOTAP) contabilizou 18 empresas naqueles municípios, e apresentou dados de crescimento do setor na ordem de 40% na década de 2000, impulsionados pelo desenvolvimento nacional, pela crescimento do setor da construção civil, em detrimento do Projeto Minha Casa, Minha Vida.
Naquela ocasião, o SINCOTAP fez parceira com o SEBRAE e a FIEMG para a implementação de um laboratório de certificação das cerâmcias produzidas no arranjo e na região, com o objetivo de aumentar a competitividade do setor, uma vez que outros
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APL do setor, já haviam adotado essa prática. O trabalho de Ferreira e Botelho (2017) mostra que o principal concorrente do arranjo cerâcmista de Ituiutaba é o APL localizado em Monte Carmelo. Este, desde 2007 já tinha instalado seu laboratório de certificação e selo do INMETRO, ganhando competitividade e aumentando seu market share. O projeto de instalação do laboratório de certificação em Ituiutaba nunca se concretizou.
Entretanto, desde da década de 1990, quando a expansão das fronteiras agrícolas avança em direção ao oeste do Triângulo Mineiro, uma importante mudança pode ser observada, o aumento do cultivo da cana de açúcar para fornecimento às usinas sucroalcoleiras instaladas na região. Segundo Souza e Cleps Júnior (2009) em 2008, o estado de Minas Gerais já era o terceiro maior produtor de cana de açúcar no território brasileiro, sendo que mais de 60% da produção era advinda do Triângulo Mineiro.
Neste contexto é possível analisar a dinâmica do arranjo produtivo de cerâmica estrutural localizado em Ituiutaba, mediante as variáveis elencadas anteriormente. A primeira variável de análise é proposta por Vahl (2009) e diz respeito à concentração econômica da região.
Um dos principais indicadores para constituição de um APL é a concetração econômica, utilizando como variável o coefeciente locacional (QL). Este é usado para apresentar informações de quantidade de postos de trabalho (empregos) e também a quantidade de empresas. Através do Q.L é possível identificar as classes de indústrias que estão geograficamente mais concentrada, numa determinada região ou país. Além disso, o QL consegue identificar Sistemas Locais de Produção (SLP’s) e APL’s, demarcando esses arranjos geograficamente e qualificando sua estrutura produtiva (IEDI, 2002).
No caso do APL cerâmico do município de Ituiutaba, em 2006 apresentava um Q.L de 10,20 de acordo com estudos de Suzigan et al. (2006).
Algumas mudanças no cenário econômico da região explica essa queda tão acentuada do índice de concentração econômica. Como dito, a região expirimentou o desenvolvimento da expansão da fronteira agrícola e uma alteração dos cultivares, sendo observado o crescimento acelerado da cana de açúcar. Segundo Souza e Cleps Júnior (2013) essa mudança provaca o deslocamento da mão de obra, antes atuando nas empresas ceramistas, para a colheita da cana de açúcar, que apresenta uma remuneração salarial melhor, em detrimento do pagamento ser por produtividade.
De acordo com Costa et al. (2018) conforme a aboragem do regime de produtividade,
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empresas ceramistas para a colheita da cana de açúcar impacta diretamente na capacidade produtiva das empresas ceramistas. A reposição dessa mão de obra, o tempo de aprendizado e treinamento dos funcionários prejudicam a economia de escala das empresas, que não conseguem perceber a mesma lucratividade.
A literatura sobre APL aponta, ainda, outras características que devem ser analisadas para se considerar a existência de um APL, como o desempenho econômico e financeiro, o qual deve ser observado a partir do crescimento do faturamento das empresas, do crescimento das vendas, do grau de endividamento, do crescimento do tamanho das empresas e da taxa de mortalidade.
Em relação ao crescimento do faturamento e do crescimento das vendas das empresas ceramistas, a entrevista com o proprietário da empresa que ainda sobrevive, apontou que a partir de 2008, com a crise financeira no setor imobiliário, o setor ceramista de Ituiutaba foi prejudicado, uma vez que não tinha como escoar a produção. Assim, tanto o faturamento quanto as vendas (em quantidade) foram desfavorecidas pelo período de crise.
Outro fator que contribuiu para a redução do faturamento e queda nas vendas foi a concorrência direta com os produtos substitutos como telha de cimento e telha de fibrocimento com crisotila. Dados da Pesquisa de Indústria Anual, disponibilizados pelo IBGE apontam que de 2008 a 2014 a produção de telha de cerâmica vermelha apresentou crescimeneto de 134%, enquanto que o setor de telha de cimento, o crescimento foi mais que 1100%. O que mostra um deslocamento da demanda para o produto substituto.
De acordo com Costa et al. (2018) o regime de demanda contempla ainda a análise da cadeia de valor e níveis de mercado para o entendimento do desenvolvimento do APL. No caso do APL de Cerâmica de Ituiutaba, o mercado é limitado pela própria características do produto de cerâmica estrutural, que, em geral, atende ao mercado regional, em um raio de 500 km (Ferreira, Botelho, 2017), em detrimento do tipo de produto e da dificuldade de transporte.
Outro item apontado na literatura, ainda dentro da análise do desempenho econômico financeiro é o grau de endividademento das empresas do arranjo. Este foi um dos grandes entraves ao desenvolvimento do APL, e que contribuiu para o desaparecimento do arranjo. Em entrevistas,
Durante um grande período de tempo, as empresas de cerâmicas fizeram uso de trabalho infantil e trabalho feminino sem formalização com a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). Com a fiscalização, as multas decorrentes e os custos com a adequação a legislação, fizeram com que as empresas não conseguissem saldar seus compromissos financeiros e, de acordo com as entrevistas, muitas delas decretaram falência e fecharam as portas. Como foi o caso de uma das empresas do APL, em que o proprietário, em entrevista, informou que a empresa, no ano de 2015, foi multada em R$400.000,00 por não cumprir com a legislação ambiental. Naquela ocasião, o proprietário tentou negociar a dívida da multa. Conforme informado, por não haver sucesso na negociação, ele decretou falência e fechou a empresa.
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Foi informado por alguns dos ex proprietários entrevistados, que as empresas ceramistas de Ituiutaba, pagavam uma taxa de aproximadamente R$80,00 mensais para que uma empresa terceira ficasse responsável por fazer o reflorestamento, obrigatório em áreas de extração da argila e extração da madeira para queima nos fornos das cerâmicas. Os empresários alegam que esta empresa não fez o reflorestamento adequadamente e eles foram penalizados em razão disso.
Essas questões relacionadas ao cumprimento da legislação e intensificação da fiscalização também foi identificado no trabalho de Ferreira e Botelho (2017) e de Leite (2006). As autoras também identificaram que em razão das multas, muitas empresas fecharam neste período. Agravado pela crise imobiliária do ano de 2008. A grande diferença, apontada nos trabalhos dessas autoras foi a solução encontrada para o problema.
No trabalho de Ferreira e Botelho (2017),
Outro item apresentado por Vahl (2009), que compõe a análise do desempenho econômico e financeiro é a taxa de mortalidade das empresas. Esta variável busca identificar se ao longo da existência do APL, novas empresas foram constituídas ou se o número de empresas que fecharam foi maior. No caso do APL de Ituiutaba, ficou claro, não só pela pesquisa de campo, que identificou a existência de somente duas empresas ceramistas em atividade. Mas,
A capacidade do arranjo de promover a verticalização e/ou horizontalização da cadeia produtiva é outra característica analisada para qualificação de um APL. No caso do APL de cerâmica de Ituiutaba, todas as atividades relacionadas ao processo de produção, são realizadas pelas empresas, internamente. As entrevistas permitiram identificar que todo o processo, desde a extração da argila, processamento e distribuição e entrega, é realizado pela própria empresa. Neste caso, não se observa um movimento de horizontalização. Em 2011, um dos proprietários, na época, aluno do curso de pós graduação da Universidade Federal de Uberlândia, no campus Pontal, propôs um processo centralizado de distribuição e entrega, com cargas paletizadas. No entanto, devido à falta de governança do arranjo e do baixo entrosamento entre as empresas, a proposta de centralização da distribuição e entrega não foi implementada.
Em relação à verticalização, os dados apresentados na tabela 1, referente ao número de empresas no setor de fabricação de produtos minerais não metálicos e especificamente de minerais não metálicos para uso na construção civil (cerâmica estrtutural), evidencia que o número de empresas diminuiu, em relação ao total das
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empresas ceramistas identificadas no trabalho de Suzigan et al. (2006). Isso mostra que não houve uma verticalização efetiva, mesmo que possa ser encontrada alguma empresa que se destine especificamente à prestação de serviço às cerâmicas.
De acordo com Ferreira e Botelho (2017) o APL de Cerâmica Estrutural de Monte Carmelo (MG), que possuia características semelhantes ao do APL de Ituiutaba (Suzigan et al., 2006), apresenta um alto índice de verticalização. O esudo mostra que, em detrimento da atividade ceramista na cidade e região, foi constituído um laboratório de análises de cerâmica, além do desenvolvimento de empresas de prestação de serviços específicos na área ceramista. No entanto, não é uma característica que se observa com regularidade em APL´s de cerâmcia estrutural, como pode ser observado nos APL´s de Itabaianinha (SE) e de Porangatu (GO), que não apresentou o mesmo grau de verticalização (Ferreira, Botelho, 2017).
O trabalho de Costa et al. (2018) faz alusão à cadeia de valor do APL como característica para a dinâmica deste, que se refere ao Regime de Demanda. A cadeia de valor para o APL ceramista, se manifesta a montante, compondo a linha de fornecedores e a jusante, com distribuição e entrega aos consumidores. Neste caso, a cadeia de valor é muito restrita, principalmente à montante. A principal matéria prima das cerâmicas é a argila. A aquisição da matéria prima é feita individualmente pelas empresas, em suas jazidas, uma vez que cada jazida deve estar regulamentada para extração junto aos órgaos compententes como IBAMA, entre outros. Assim, verticalizar o processo de extração é extramente difícil. Em nenhum APL ceramista foi observado essa prática ou possibilidade de ação (Ferreira, Botelho, 2017; Jácome, Do Carmo, 2013; Leite, 2006;
Àjusante, as características de distribuição também não favorecem o processo de verticalização, uma vez que o produto é de difícil transporte e o mercado é regional.
A cooperação entre os vários atores do arranjo, se constitui em outra característica a ser tratatada. este item, apontado por Suzigan et al. (2006) e Vahl (2009) como necessários para o diagnóstico da “saúde” de um APL, também é enfatizado por outros autores, desde Marshal (1920), Cassiolato e Lastres (2003) , Schmitz (2005) e Amato Neto (2008).
Segundo Cassiolato e Lastres (2003), Schmitz (2005) e Amato Neto (2008), um dos fatores que favorecem à cooperação é a existência de governança no arranjo. A governança no APL é caracterizada pela coordenação entre empresas e instuições que tenham entre si uma interação produtiva, comercial e tecnológica que influencia o desenvolvimento do sistema ou do arranjo produtivo local (APL).
No caso do APL no município de
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Segundo o presidente da associação, eles chegaram a se reunir e visitar o APL de Monte Carmelo, pois este é considerado como modelo a ser seguido. No entanto, não foi possível implementar nenhuma das ações identificadas na visita ao arranjo de Monte Carmelo. No ano de 2016 foi desenvolvido um Plano de Ação Industrial para o município de
Um dos eixos temáticos do Plano de Ação Industrial, para desenvolvimento de ações foi a governança. Foi proposto um modelo de governança para a cidade de Ituiutaba contando com a coparticipação dos empresários, do Governo do Estado, representado pela CODEMIG, e da Prefeitura Municipal de Ituiutaba. Na estrutura desse plano, havia o apoio da FIEMG e SEBRAE. Essa parceria visava primeiramente estabeler uma governança – não somente para o APL cerâmico, mas para as empresas no geral. Em seguida, buscava promover ações de fortalecimento dessa governança, aumentar a representatividade das empresas na governança, através da criação de uma entidade associativa para que houvesse representatividade dos empresários na governança e também realizar um mapeamento e cadastro atualizado das empresas presentes no Distrito Industrial, e por fim, fortalecer as empresas do Distrito Industrial, executando as ações do Plano de Revitalização e Modernização.
Embora o Plano de Ação Industrial para o Município de Ituiutaba tenha sido implementado em partes, com a adesão de algumas ações, a atividade central e mais importante para o desenvolvimento das demais ações, que era a estruturação e dinamização da governança, não foi realizada.
Durante o trabalho de pesquisa foi questionado a respeito das ações de cooperação das empresas, que pudessem favorecer o desenvolvimento das cerâmicas.
Foi idenficado uma única ação conjunta, realizada em 2016. As empresas ceramistas que ainda sobreviviam em 2016, participaram da Consultoria Técnica em parceria com o PCIR/FIEMG com o Sr. Amando Alves de Oliveira, especialista em cerâmica vermelha, o qual ministrou curso sobre regulagem de boquilha, mistura de argila, orientações sobre queima. Em detrimento das fiscalizações ambientais mais regulares, o SESI Minas, elaborou um folder, intitulado Minas Sustentável/SESI, tratando sobre a Obrigação Legal Ambiental 2017, entre outros temas de interesse da indústria cerâmica.
Em 2017, com apenas duas empresas ceramistas em funcionamento o SINCOTAP, do qual faz parte as empresas ceramistas de Ituiutaba, realizou no dia 18 de janeiro, sua primeira reunião. O objetivo foi oferecer os serviços do sindicato para as empresas associdas, buscando soluções que pudessem fortalecer a empresa e o setor e que impulsionassem o crescimento no mercado. No entanto, as ações discutidas naquela reunião não foram implementas por falta de governança e recursos financeiros.
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O trabalho de Ferreira e Botelho (2017) destaca, também, a característica da governança do arranjo como diferencial, para o alcance dos objetivos dos arranjos analisados pelas autoras.
O Regime Institucional, apresentado por Costa et al. (2018) caracterizado pela interação entre si das suas empresas em busca de governança e gestão comum de problemas e soluções; na interação entre as empresas e o ambiente institucional, cultural e político local, e delas com os elementos da governança da trajetória tecnológica do seu produto final. No caso do APL de Ituiutaba, não houve interação com as instituições lovais, diferentemente de outros APL de cerâmica estrutural como os de Monte Carmelo (MG), Itabaianhinha (SE), Russas (CE) e Terra Cozida do Pantanal (MS), os quais apresentaram interação, principalemente governamentais, como o caso de Itabaianinha (SE).
O Nível de desenvolvimento social da região é o último item apresentado como característica para análise de um APL. No caso do município de Ituitaba, é possível identificar que houve um grande crescimento do nível de desenvolvimento humano, indicado na tabela 2.
Tabela 2 – IDHM e Renda per capita do município de Ituiutaba de 1991 a 2016
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2019 |
2016 |
2010 |
2000 |
1991 |
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IDHM |
0,851 |
0,798 |
0,739 |
0,653 |
0,535 |
Renda per capita |
7.839,00 |
3.053,75 |
824,46 |
605,26 |
474,8 |
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Fonte: IBGE
No entanto, esses aumentos de IDHM e de renda per capita não são provenientes dos ganhos do setor de cerâmica estrutural. O que se observou nesse período, no município de Ituiutaba foi a instalação de várias empresas, do setor alimentício e no setor de biocombustíveis. Além disso, foi estabelecido na cidade um campus avançado da Universidade Federal de Uberlândia. Nesse período,
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5.CONCLUSÃO
O declínio de um arranjo produtivo ou declustering, costuma ser traumático para uma localidade porque, dentre outros motivos, desarticula o sistema produtivo da região e, em consequência, toda sua vitalidade social e econômica. “O impacto de um declustering chega a ser tão intenso que, muitas vezes, os governos são chamados a intervir” (Zaccarelli et al., 2008).
A falta de governança do APL, caracterizada por uma macrocultura homogênea, que significa que o arranjo tinha uma visão comum, etendendo que, em detrimento do tipo de processo e produto das empresas ceramistas, nada se podia fazer em relação à inovação e novas estratégias de atuação. Outro intem observado, também relacionado à governança é a identidade social discrepante. Ao contrário de outros arranjos que buscaram uma identidade própria, como selo de origem, em Ituiutaba, o arranjo, não via isso como uma estratégia de vantagem competitiva. Os empresários divergiam no entendimento do beneficio de se construir uma identidade para o APL. Isso ficou evidenciado na concorrência interna que havia entre as cerâmicas do arranjo.
Outro meio de analisar a governança do APL foi pela falta de interdependência. A principal característica da interdependência é a capacidade de desenvolvimento de vários elos da cadeia produtiva dentro do arranjo. O APL de cerâmica de Ituiutaba não conseguiu adotar estratégias que permitessem a verticalização de empresas, novas empresas, e ou fornecedores. Ao contrário do que pode ser observado no APL de cerâmica estrutural de Monte Carmelo (Ferreira, Boltelho, 2017).
No quesito inovação, ao longo dos anos as empresas ceramistas não obtiveram nenhum tipo de inovação. Ao que tange a cooperação, como dito antes neste trabalho, não houve ações de parcerias ou essas ações não foram suficientes para gerar algum retorno positivo. A governança não foi estabelecida entre as empresas e os agentes envolvidos, dessa forma não houve nenhuma comunicação, troca de informações, estabelecimentos de regras e políticas pontuais voltadas para o desenvolvimento dessas empresas. Não houve um suporte institucional e financeiro do Estado, ficando assim a mercê da economia local. Nisto, fica claro a falta de articulação e cooperação entre os vários agentes envolvidos no arranjo, para encontrar uma solução para esta situação.
Fatores exógenos também contribuiram para o declínio do APL.
Segundo Tomlinson e Branston (2014), ao analisarem o arranjo produtivo da cerâmica de North Staffordshire, no Reino Unido, verificaram que aquele arranjo conseguiu reverter uma fase de longo declínio. Os autores identificaram que o arranjo começou a explorar seus pontos fortes tradicionais. As empresas adotaram novas estratégias gerenciais, tecnologias e de governança em resposta a desafios exógenos. O
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caso demonstra que o declínio nas antigas regiões industriais não é inevitável e que, através da "adaptação", novas trajetórias são possíveis.
No caso do APL de Cerâmica Estrutural localizado em Ituiutaba,
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