Trilha da ciência
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REVISTA DE ENSEÑANZA DE LA FÍSICA, Vol. 33, no. 2 (2021) 196
Para além da definição dos espaços físicos, faz-se necessário compreender os conceitos relacionados às modalida-
des de ensino ou educação formal, não-formal e informal. O ensino formal é aquele que ocorre num espaço formal de
educação, ou seja, na escola, e é regulamentado por legislação específica, com conteúdo previamente demarcados e
ocorre durante um período predeterminado. O ensino não-formal é, muitas das vezes, chamado também de informal.
Todavia, Gohn (2006) diferencia estas duas últimas modalidades dizendo que a educação informal é aquela na qual
“os indivíduos aprendem durante seu processo de socialização - na família, bairro, clube, amigos etc., carregada de
valores e culturas próprias, de pertencimento e sentimentos herdados”. Ou seja, a educação informal ocorre durante
toda a vida do sujeito, inclusive durante o período a qual está sujeito à educação formal na escola, visto que esta
modalidade é decorrente da interação social do indivíduo com o meio social o qual está imerso. Já a educação não-
formal, ainda segundo Gohn, é aquela no qual se aprende através de “processos de compartilhamento de experiência,
principalmente em espaços e ações coletivas cotidianas”.
Faz parte de um consenso, ingênuo talvez, que a educação não-formal ocorra em espaços institucionalizados de
educação não-formal, tais como museus e espaços de divulgação científica. O que trazemos neste artigo é uma ruptura
de paradigma no que concerne o entendimento e utilização do espaço formal de educação, trazendo para a escola um
espaço não-formal, que pode ser utilizado tanto como parte integrante das disciplinas curriculares regimentais ou
como um espaço de educação não-formal, ressignificando os espaços de interação social do ambiente escolar.
A. Sobre o Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ) – campus Volta Redonda (CVoR)
Os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (IF) foram criados em 29 de dezembro de 2008 através da Lei
nº 11.892, sendo definidos como “instituições de educação superior, básica e profissional, pluricurriculares e multi-
campi, especializados na oferta de educação profissional e tecnológica nas diferentes modalidades de ensino” (Brasil,
2008). Note-se que os Institutos Federais inauguram um novo tipo de instituição de ensino, mesclando, no mesmo
espaço físico, cursos de ensino médio técnico, cursos superiores e pós-graduação lato sensu e strictu senso (mestrado
e doutorado). Por força da legislação, os IF devem garantir um mínimo de 50% de suas vagas destinadas a cursos de
formação técnica de nível médio e mínimo de 20% das vagas destinadas aos cursos de formação de professores.
O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro, doravante chamado somente de Instituto
Federal do Rio de Janeiro (IFRJ), foi criado a partir da transformação do Centro Federal de Educação Tecnológica de
Química (CEFET Química) e a incorporação do Colégio Agrícola Nilo Peçanha. A partir de 2009 iniciou o processo de
expansão da rede com forte direcionamento para o interior, de modo a reduzir a concentração de instituições na ca-
pital. Atualmente o IFRJ é formado por 15 campi: Maracanã, Nilópolis, Pinheiral, Duque de Caxias, Paracambi, São
Gonçalo, Volta Redonda, Paulo de Frontin, Arraial do Cabo, Realengo, Mesquita, Niterói, Resende, Belford Roxo e São
João de Meriti, com a Reitoria instalada no município do Rio de Janeiro.
FIGURA 1. Mapa do Estado do Rio de Janeiro, as regiões escuras indicam as cidades onde há campi do IFRJ. Fonte: https://por-
tal.ifrj.edu.br/sites/default/files/IFRJ/mapa_rio_de_janeiro.png
O IFRJ - campus Volta Redonda, localizado na mesorregião Sul Fluminense, foi criado em 2008. A cidade possui
263.659 habitantes, de acordo com levantamento oficial 2006. A cidade fica a aproximadamente 100 km da cidade do
Rio de Janeiro e a 300 km da cidade de São Paulo, respectivas capitais de dos estados homônimos. O campus funciona,
atualmente, nos três turnos, atendendo cerca de 900 alunos. Oferta, de forma gratuita, cursos técnicos de nível médio
integrado (Automação Industrial) e concomitantes/subsequentes ao Ensino Médio (Eletrotécnica e Metrologia), além
de cursos de graduação (Licenciaturas em Matemática e Física), pós-graduação lato sensu (Especialização em Ensino
de Ciências e Matemática) e stricto sensu (Mestrado Nacional Profissionalizante em Ensino de Física).