O papel do professor diante das tecnologias digitais
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REVISTA DE ENSEÑANZA DE LA FÍSICA, Vol. 35, n.o 1 (2023) 21
básica, em que analisamos o papel docente diante das TDIC. Os artigos analisados receberam a codificação de A
seguido de um número - A1 até A10.
O artigo A1 trata de um estudo sobre o engajamento dos estudantes de uma disciplina de Física em uma escola
pública federal, reestruturada para o ERE. Por meio de análise fatorial, foram identificadas três dimensões de
engajamento: cognitivo-comportamental, emocional e social. Os resultados apontaram para o engajamento nas
dimensões cognitivo-comportamental e emocional. A partir das reflexões geradas, são expandidas duas discussões:
diferentes perspectivas teóricas e indicadores do construto engajamento; e fatores que podem influenciar o
engajamento dos estudantes no ERE. Percebemos ainda que métodos ativos de ensino, baseados no modelo de Sala
de Aula Invertida, como o Ensino sob Medida, indicam estratégias para o professor considerar a perspectiva dos alunos
na condução de suas aulas. Assim, podemos, ao prover suporte à autonomia, estimular a motivação e,
consequentemente, o engajamento dos estudantes. Podemos constatar que tanto pelo viés direto do engajamento,
ou mediado pela motivação, três fatores influenciam fortemente o engajamento discente em atividades on-line, são
eles: atividades bem orientadas com certo grau de flexibilidade, de qualidade e específicas para o contexto de ERE;
suporte social, emocional e acadêmico aos estudantes e a incorporação de métodos ativos de ensino (Espinosa, 2021).
No artigo A2, analisamos a experiência em produzir duas propostas de aulas para a escola pública, tanto no
contexto presencial quanto no ERE na disciplina de Ciências: a construção de uma horta (presencial) e células e
sistemas (ERE). O objetivo foi analisar esses processos de produção a fim de indicar parâmetros que pudessem
contribuir para um ensino mais próximo da realidade dos estudantes diante do contexto pandêmico. Como resultados,
percebemos a proposição de um conjunto de aulas mais crítico e complexo pode ser viável ao (i) estabelecer maiores
aproximações com as realidades dos estudantes e promover o engajamento e autonomia dos sujeitos em espaços que
vão além da escola (no caso remoto, os usos críticos dos meios virtuais; no caso presencial, a aproximação com a
comunidade); e (ii) contemplar os contextos socioeconômicos e conceitos escolares pautados em abordagens mais
abertas e dinâmicas. Este estudo mostrou que a educação voltada para uma formação mais crítica e complexa pode
ocorrer tanto em condições presenciais quanto em remotas, desde que consideradas suas particularidades. A
experiência com a proposta de aula remota demonstra-nos que há um potencial para desenvolver-se atividades mais
críticas nesses momentos de conflitos e incertezas. Percebemos que, em ambas as propostas, os alunos tinham a
oportunidade de intervir na realidade e, em seguida, refletir sobre sua atuação (Costa, Santos e Watanabe, 2021).
Em A3, com os efeitos das medidas de isolamento social para a esfera educativa a partir de um olhar docente, esse
estudo objetivou investigar as percepções de professores acerca do deslocamento das interações pedagógicas para
meios exclusivamente digitais, na intenção de responder à seguinte questão de pesquisa: quais são os desafios e as
possibilidades advindos da docência no ERE? Os resultados apontam que, apesar das inúmeras mudanças sociais e
profissionais impostas aos professores, eles buscaram redimensionar e ressignificar suas práticas pedagógicas, uma
vez que a simples transposição do planejamento presencial para o virtual não se mostrou eficiente. As mudanças
relacionadas a questões práticas de ensino pressupõem uma mudança de postura docente associada a questões de
cunho atitudinal. As aprendizagens foram consideráveis, de forma que as TDIC passaram a ser incorporadas de forma
efetiva às aulas, apesar da sobrecarga relatada ao trabalho docente (Bueno et al., 2021).
O artigo A4 trata-se de uma pesquisa de mediação pedagógica, com perspectiva interpretativa e descritiva no
intuito de ter evidências de aprendizagem de professores de Ciências sobre enfoques remotos e construtivistas de
ensino no laboratório didático de Ciências. Propôs contribuir com os professores de Ciências através da formação
continuada. Como parte dos resultados da aplicação da estratégia de educação à distância para a formação continuada
dos professores, foi possível a identificação de evidências de aprendizagem consistentes com as tendências
construtivistas de ensino de Ciências no laboratório didático (Avilés e Galembeck, 2021).
Em A5, os pesquisadores mobilizaram-se para compreender a pandemia, traçar estratégias de combate e
supressão do contágio, bem como atenuar as consequências experienciadas. Essa problemática foi analisada do ponto
de vista das Questões Sócio Científicas (QSC). Dessa forma, buscou-se delinear a problemática sob a perspectiva das
QSC, definindo os aspectos controversos e indicando possibilidades para o seu tratamento no âmbito escolar,
evidenciando perspectivas formativas e metodológicas, entendendo o QSC como um compromisso político e ético. O
tratamento de QSC sob uma perspectiva crítica alinha-se às demandas do mundo concretas e da cultura no sentido
de compreendê-las, analisá-las e julgá-las com embasamento das áreas de conhecimento pertinentes, a fim de
elaborar posicionamentos bem fundamentados, desenvolver ações comunicativas e participar socialmente com
qualidade e sentido de transformação. Assim, trata-se da educação científica da próxima geração que está
aprendendo conteúdos de Ciência e sobre Ciência em seu processo educacional (Santos, Costa e Brito, 2021).
Em A6, aborda-se o contexto de isolamento social e de relações pessoais e educacionais modificadas
abruptamente. O artigo reflete as possibilidades que as TDIC trazem para a educação no ERE. Assim, as TDIC
influenciaram o cenário educacional, minimizando os efeitos da pandemia para que a educação não parasse durante
esse período. Todas as esferas da sociedade foram sensivelmente afetadas, logo, é preciso que tiremos algo disso
tudo: novas possibilidades de interação no ensino e aprendizagem (Ragoni, 2020).