Radiação eletromagnética
www.revistas.unc.edu.ar/index.php/revistaEF
REVISTA DE ENSEÑANZA DE LA FÍSICA, Vol. 35, n.
o
2 (2023) 166
I. INTRODUÇÃO
O ensino de Física no Brasil, de modo geral, necessita de uma abordagem mais atrativa e instigante, que faça com que
temas de Física possam ser ministrados com maior eficiência e que acarrete numa aprendizagem mais significativa
para os estudantes do ensino médio. Na busca por melhorar o contexto do ensino de Física para esta modalidade de
ensino, foi desenvolvido o material didático apresentado neste artigo, que tem como objetivo principal possibilitar
que professores explorem conceitos físicos sobre ondas eletromagnéticas, tomando como tópico orientador a radia-
ção ultravioleta (UV), com ênfase na radiação UV do tipo C (UV-C), a qual tem potenciais aplicações associadas às suas
características germicidas. Assim, organizou-se uma sequência didática com o tema “radiação eletromagnética apli-
cada à conservação de alimentos” que contempla ferramentas diversificadas do processo de ensino e aprendizagem,
utilizando-se de estratégias com multimídias, palestra, protótipo experimental e, ainda, aulas expositivas para eviden-
ciar com clareza os conceitos físicos envolvidos nesta temática.
Para atender os anseios da presente proposta, os autores se basearam na Teoria da Aprendizagem Significativa
(TAS) de David Paul Ausubel como instrumento metodológico que pudesse contribuir para a construção do conheci-
mento científico (Moreira, 1999). Esta teoria evidencia a necessidade de termos materiais potencialmente significati-
vos que possam ser relacionados à estrutura cognitiva do aluno de maneira não arbitrária e, assim, conduzir a uma
aprendizagem significativa, partindo de um princípio fundamental, daquilo que o aluno já sabe e, a partir daí, estabe-
lecer materiais potencialmente significativos, contando com e incentivando a predisposição do estudante para o
aprendizado dos conceitos em questão. De acordo com a TAS os novos conceitos devem ser ancorados em conheci-
mentos já existentes e assim podem ser ampliados. Esses materiais estão relacionados não só à escolha de ferramen-
tas didáticas, mas também a atitudes que provoquem a predisposição para aprender. Para isso, vê-se protótipos
experimentais como ferramentas didáticas que, quando exploradas apropriadamente, podem contribuir para a am-
pliação de conceitos físicos, porém, os mesmos devem ser aliados a outras estratégias de ensino. Segundo Villani e
Nascimento (2003), a estratégia experimental possibilita a concretização dos conceitos abordados, suscitando refle-
xões nos alunos que favorecem o aperfeiçoamento do conhecimento científico.
Segundo Berbel (2011), as metodologias ativas são estratégias aliadas do processo de aprendizagem que colocam
o estudante no centro do processo de aprendizagem, participando ativamente de cada etapa de modo a oportunizar
o desenvolvimento da capacidade de apropriação do conhecimento autônoma e crítica, para que os conceitos abor-
dados sejam assimilados de maneira significativa. “Podemos entender que as Metodologias se baseiam em formas de
desenvolver o processo de aprender, utilizando experiências reais ou simuladas, visando às condições de solucionar,
com sucesso, desafios advindos das atividades essenciais da prática social, em diferentes contextos” (Berbel, 2011, p.
29).
Os Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN+ (Brasil, 2018) trazem em seu texto para o ensino de Física concepções
que fundamentam estratégias de ensino que favorecem o planejamento com objetivo de tornar as aulas atrativas e
contextualizadas, o que visa contemplar questões que vão desde o que ensinar até como ensinar, com isso, buscar
abordar os conceitos específicos da disciplina de forma a relacionar com as vivências dos estudantes. Ainda, as Orien-
tações Curriculares Nacionais para o Ensino Médio também tratam das estratégias de ensino que têm na interdiscipli-
naridade uma aliada. Em temas como este, reservadas as especificidades de cada disciplina, a Física, a Química e a
Biologia podem atuar de forma conjunta na construção de um novo saber, por se tratar de um objeto comum de
estudo, podendo proporcionar resultados significativos de aprendizagem.
II. FUNDAMENTAÇÃO TEORICA
Segundo Moreira (1982), Ausubel em sua teoria relata que podemos aprender por descoberta, recepção ou memori-
zação. No aprendizado por descoberta, o conhecimento vem de forma desordenada e superficial. No aprendizado por
recepção, os conceitos aparecem organizados e ordenados, cabendo ao sujeito o esforço para compreensão dos mes-
mos. Já por memorização, não há contato prévio com os conceitos abordados, sendo esse tipo de aprendizagem mais
fácil de ser esquecida, pois fica no inconsciente. De qualquer forma, esse primeiro contato com o conhecimento é
importante, pois pode servir de ancoradouro para novos conceitos.
A aprendizagem significativa constitui um processo de construção do conhecimento a partir dos conceitos prévios
já presentes em nossa estrutura cognitiva, no qual os mesmos são ordenados hierarquicamente e os novos conheci-
mentos são ancorados nessa estrutura e podem ser ampliados e generalizados ao longo do processo. Para que ela
ocorra é necessário que sejam ofertados materiais potencialmente significativos e que o estudante esteja predisposto
a aprender. Logo, partindo daquilo que este já sabe, deve-se traçar estratégias que o motive a querer aprender e,
assim, que essa aprendizagem passe a ter significado e ainda possa ser generalizada em outros contextos.