Conceito de centro de gravidade
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REVISTA DE ENSEÑANZA DE LA FÍSICA, Vol. 35, n.
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2 (2023) 182
A parr da gura 1 observa-se que se trata de um modelo fractal, em que o fechamento de uma tríade representa
a abertura de outra tríade que uliza a anterior como conhecimento prévio para a nova estrutura que se inicia. Esse
processo não termina e a mediação do professor torna-se a principal ferramenta capaz de elevar os níveis de entendi-
mento dos estudantes a condições cada vez mais complexas.
Dessa forma, a elaboração de uma sequência didáca, pautada nessa psicologia cogniva, representa uma alter-
nava ao modelo tradicional exposivo, que não consegue superar as confusões conceituais enfrentadas pelos estu-
dantes, garanndo a mudança progressiva do conceito estudado em formulações cada vez mais elaboradas.
III. ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO
Nesta seção apresentamos a sequência didáca (SD) elaborada para o desenvolvimento do conceito de centro de gra-
vidade, fundamentada no modelo construvista de Piaget para a mudança conceitual.
A aplicação da sequência didáca ocorreu em uma escola parcular, localizada em um município do interior do Rio
de Janeiro (Brasil), no nal do primeiro semestre de 2017, em duas turmas do 2º ano do ensino médio, totalizando 85
estudantes com idades entre 16 e 17anos. Cada etapa foi aplicada em módulos de aulas geminadas, com cerca de 100
minutos, o que favoreceu o desenvolvimento de proposta didáca.
A. Organização da sequência de didática
O modelo de ensino adotado neste trabalho consiste basicamente em organizar e planejar a intervenção docente para
que a apropriação do conhecimento ocorra de forma progressiva e sequencial. Na proposta cognivista construvista,
esse modelo deve ser geral o bastante para se adequar às várias circunstâncias e currículos, mas potencialmente pre-
ciso para garanr os princípios estruturadores para a apreensão do objeto de conhecimento pelo estudante, com base
nas tríades dialécas de Piaget e Garcia (1987, apud Aguiar Jr, 1999) que constuem as etapas intra, Inter e trans
objetal.
A etapa INTRA congura-se como o primeiro nível de entendimento que confere qualidades observáveis do objeto
de estudo e que são capazes de prover sendo à experiência. Na sequência didáca proposta, nessa primeira etapa,
espera-se que o estudante seja capaz de idencar as caracteríscas de guras geométricas planas regulares (círculo,
retângulo e triângulo), de guras planas não regular (boneco equilibrista) e de objetos tridimensionais (joaninha tei-
mosa). Espera-se que os estudantes sejam capazes de destacar elementos observáveis de cada um desses objetos, tais
como: simetria, forma, distribuição de massa, distâncias, diagonais e a caracterização do centro geométrico. A parr
dessa exploração inicial, dá-se início à transformação progressiva de conceitos.
A etapa INTER de cada nível deve estar apoiada nas construções anteriores, quando o estudante passa a coordenar
e a comparar os objetos, estabelecendo as relações e as transformações possíveis. Para isso, são apresentadas propos-
tas de comparação entre as diversas guras e objetos e entre o centro geométrico e o centro de gravidade dessas
guras e objetos.
A etapa TRANS é o momento que remete à transformação do nível anterior em uma nova estrutura de conheci-
mento. Representa o estado de compreensão mais arculado, em que o modelo teórico permite prever e demonstrar
e não apenas produzir simples constatações. Nessa etapa da sequência didáca os estudantes são insgados a cons-
truir o conceito de centro de gravidade por meio de um processo progressivo que envolve a equilibração e a desequi-
libração do conhecimento em construção.
O fechamento de uma etapa TRANS abre uma nova etapa INTRA de um novo nível de entendimento, fazendo com
que o conhecimento adquirido vá evoluindo para níveis de maior complexidade. O quadro 2 apresenta a estrutura
resumida da SD em níveis de complexidade.
Os três níveis de complexidade mostrados no quadro 2 foram organizados em torno de quatro avidades principais.
A primeira avidade envolve a determinação do centro de gravidade de guras planas regulares: círculo, retângulo e
triângulo (Apêndice 2). Inicialmente, espera-se que os estudantes construam o conceito de centro de gravidade a parr
do centro geométrico do círculo e do retângulo. Posteriormente, eles recebem um triângulo para que possam fazer
comparações e repensar o conceito construído anteriormente.
Na segunda avidade os estudantes devem determinar o centro de gravidade de uma gura plana não regular: o
boneco equilibrista (Apêndice 3). Para isso, eles são desaados a localizar o centro do boneco usando elementos geo-
métricos e a comparar essa localização com a posição em que o boneco ca em equilíbrio sobre o palito suporte. Na
sequência, os estudantes aprendem a localizar o CG do boneco equilibrista através de um o de prumo. No nal, os
estudantes recebem um pedaço de massinha de modelar e são esmulados a repensar o conceito de CG a parr da
distribuição de massinha no boneco equilibrista. O desao é tentar equilibrar o boneco de cabeça para baixo sobre o
palito suporte.