Revista de Educación en Biología, Vol. 26, Nº 1, Enero 2023 | Página 45
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Em relação à disciplina de Paleontologia, por exemplo, eu tenho presenciado que alguns
gestores educacionais optam por unir em uma única disciplina, ofertada 100% à distância e com
aulas gravadas de forma assíncrona, as distintas turmas pequenas que antes recebiam atenção e
recursos individuais, ou seja, uma mudança que tem impactado diretamente o processo de ensino
e aprendizagem de outras áreas (Lopes et al., 2018; Branco et al., 2020). A meu ver, o ensino da
Paleontologia na modalidade EaD, como ocorre em certas IES, tende a perpetuar o uso da abordagem
de ensino tradicional, no qual o professor fala, e o aluno apenas escuta e memoriza os conteúdos e,
quando há dúvidas, estas dicilmente são supridas (Giolo, 2008; Patto, 2013; Corrêa et al., 2020;
National University, 2021; Jensen et al., 2022).
No entanto, ao contrário das modalidades presencial e remota (aulas síncronas), nas quais
a comunicação acontece instantaneamente, tornando mais fácil aos alunos obterem respostas e
esclarecerem pontos de confusão, em ambientes virtuais de aprendizagem – por exemplo, TelEduc,
Blackboard, ROODA, Moodle e Google Classroom –, em que as aulas assíncronas ocorrem, há uma
lacuna na relação professor-aluno (Zuin, 2006; Giolo, 2008; National University, 2021; Jensen et al.,
2022). Assim, pois, não há comunicação direta com o docente de Paleontologia, resultando em um
empobrecimento da mediação pedagógica, além de, na maioria das vezes, os tutores demorarem
dias ou semanas para fornecer feedbacks às dúvidas de alunos (Zuin, 2006; Mercado, 2007; Giolo,
2008; Hallyburton e Lunsford, 2013; Patto, 2013; Lopes et al., 2018) e, assim como ocorre em outros
campos do conhecimento, não possuírem qualicação prossional adequada – no caso, na área de
Paleontologia – para a tutoria da disciplina.
Além do mais, a disciplina de Paleontologia, cujos conteúdos gravados pelo professor têm sido
organizados em certos casos em dois a seis vídeos de 10 a 15 minutos cada um e disponibilizados em
ambientes virtuais de aprendizagem, no formato palestra, tende a diminuir as vagas de contratação de
professores especialistas na área (Lopes et al., 2018). Isso porque que esse material pode ser usado
durante anos pelas faculdades. Segundo o Dr. Rodrigo Barbosa e Silva, pesquisador-sênior de políticas
públicas em tecnologias do Transformative Learning Technologies Lab da Universidade de Columbia
(EUA), há “contratos em que essa aula ca válida por três anos com possibilidade de prorrogação. A
aula que foi feita por um docente, vamos dizer por 10 horas, acaba sendo retransmitida ao longo de
três anos ou mais.” (Suzuki, 2022, p. 1).
É comum em IES brasileiras a presença de professores não especialistas que assumem a gestão
da disciplina de Paleontologia (Diehl, 2014; Farias, 2017; Farias et al., 2017), principalmente na rede
privada. Sem a presença de um prossional pós-graduado em Paleontologia na instituição que oferta
a disciplina à distância, durante as reuniões periódicas para discussão do projeto político pedagógico
(PPC) do curso, não haverá um especialista com o conhecimento ideal e necessário para a defesa
de modicações ou adaptações em ementas, conteúdos programáticos, referências bibliográcas,
recursos audiovisuais e, em especial, a carga horária para esta unidade curricular (Farias, 2017).
A consequência disso será a precarização da qualidade do processo de ensino e aprendizagem de
conteúdos paleontológicos.
Se não bastasse isso, nas videoaulas curtas, gravadas e disponíveis em ambientes virtuais
de aprendizagem, os professores, de modo geral, tendem a ler slides e fazer poucas explicações, o
conteúdo acaba por ser encurtado, desconexo e pouco signicativo, levando a uma formação acrítica
(Mercado, 2007; Giolo, 2008; Mill et al., 2008; Patto, 2013; Lopes et al., 2018). Essas são situações que