Passado, presente e futuro: tempos múltiplos no exílio de Augusto Boal
Palavras-chave:
Exílio, Augusto Boal, TrânsitoResumo
Este artigo tem como proposta investigar o exílio do teatrólogo latino-americano Augusto Boal a partir de uma experiência de trânsito entre três países: Brasil, Argentina e Portugal. O exílio de Boal totalizou quatorze anos, compostos por cinco anos na Argentina (1971-1975), dois anos em Portugal (1976-1977) e sete anos na França (1978-1984). O recorte temporal explorado neste artigo é o período em que ele viveu em Buenos Aires e tentava se deslocar para Lisboa, entre os anos de 1974 a 1976. A escolha desse fragmento se deu pelo interesse de investigação dos primeiros trâmites para o seu deslocamento para Lisboa e a batalha judicial que ele enfrentou no Brasil, através de seus advogados, para conseguir um passaporte válido. A partir desta curta temporalidade, pretende-se mostrar os múltiplos tempos vivenciados pelo diretor, percebidos através de laços que o mantinham ligado ao Brasil enquanto passado; a ansiedade com a conjuntura Argentina que precedeu o golpe militar de 1976 enquanto presente; e a expectativa com o deslocamento para Portugal, país que tinha na esteira a Revolução dos Cravos e a perspectiva de um futuro menos hostil. Mobilizando as categorias “espaço de experiência” e “horizonte de expectativa” formuladas por Reinhart Koselleck, pretende-se descortinar a experiência de trânsito entre os respectivos países a partir de uma exegese dos espaços temporais e físicos que circundavam o diretor. A pesquisa foi realizada através de cartas, entrevistas, autobiografias, documentos oficiais e periódicos.
Referências
Abellán, Joan (2001): Boal conta Boal, Institut del Teatre, Barcelona.
Boal, Augusto (2000): Hamlet e o Filho do Padeiro: Memórias Imaginadas, Record, Rio de Janeiro.
Green, James (2009): Apesar de vocês: oposição à ditadura brasileira nos Estados Unidos, 1964-1985, Companhia das Letras, São Paulo.
Koselleck, Reinhart (2006): Futuro Passado: Contribuição à semântica dos tempos históricos, Contraponto (PUC-Rio), Rio de Janeiro.
Lemes, Daniela (2019): “Portugal: um capítulo nos exílios de Augusto Boal”, Revista de Comunicação e Linguagens, Nº 5, pp. 23-43.
Moniz Bandeira, Luiz Alberto (1998): Relações Brasil-EUA no contexto da globalização. V.2, Rivalidade emergente, Editora SENAC, São Paulo.
Napolitano, Marcos (2014): “No exílio, contra o isolamento: intelectuais comunistas, frentismo e questão democrática nos anos 1970”, Estudos Avançados, vol. 28, Nº 80, pp .41-58.
Pezzonia, Rodrigo (2017): Exílio em Português: política e vivências dos brasileiros em Portugal (1974-1982), Tese de Doutorado em História Social, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo.
Rollemberg, Denise (2007): Entre raízes e radares, o exílio brasileiro (1964-1979), ponencia presentada en XI Jornadas Interescuelas, Departamento de Historia, Facultad de Filosofía y Letras, Universidad de Tucumán, San Miguel de Tucumán, Disponível em: http://cdsa.aacademica.org/000-108/758.pdf. Acesso em: 04 abril 2019
Roniger, Luis (2010): “Exílio massivo, inclusão e exclusão política no século XX”, Revista de Ciências Sociais, vol.53, Nº 1, pp. 91-124.
Said, Edward (2000): Representações do intelectual: as palestras de Reith de 1993, Colibri, Lisboa.
Toledo, Paulo Vinicius Bio (2018): Debates sobre teatro e sociedade após o golpe de 1964: reflexão e trabalho teatral de José Celso Martinez Corrêa e Augusto Boal, Tese de Doutorado, Universidade de São Paulo, São Paulo.
Yankelevich, Pablo (2011): “Estudar o Exílio”, Samantha Viz Quadrat (org.). Caminhos Cruzados: História e Memória dos Exílios Latino-Americanos no Séc. XX., FGV Editora, Rio de Janeiro, pp. 11-30.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Aquellos autores/as que tengan publicaciones con esta revista, aceptan los términos siguientes:
- Los autores/as conservarán sus derechos de autor y garantizarán a la revista el derecho de primera publicación de su obra, el cuál estará simultáneamente sujeto a la Licencia de reconocimiento de Creative Commons que permite la libre distribución con mención de su(s) creadores, no permite el uso comercial ni las obras derivadas. Los autores, al enviar el artículo, acuerdan publicarlo bajo esta licencia..
- Los autores/as podrán adoptar otros acuerdos de licencia no exclusiva de distribución de la versión de la obra publicada (p. ej.: depositarla en un archivo telemático institucional o publicarla en un volumen monográfico) siempre que se indique la publicación inicial en esta revista.
- Se permite y recomienda a los autores/as difundir su obra a través de Internet (p. ej.: en archivos telemáticos institucionales o en su página web) después del proceso de publicación.