Totalitarismo e perversão da lei

Autores

  • Martine Leibovici Université Paris Diderot (Paris VII)

Palavras-chave:

obediência, ley, discurso, totalitarismo

Resumo

O exame de Arendt do caso Eichmann elucida, de outro ponto de vista, uma dimensão fundamental já presente em Origens do Totalitarismo. De acordo com Arendt, a ambição do totalitarismo é menos controlar a espontaneidade humana do que erradicá-la completamente e torná-la supérflua. Isto só pode ser alcançado através de dispositivos que torcem, desviam e invertem formas de ser e laços humanos. Embora exija a cumplicidade de todos para implementar tal projeto, também requer atores envolvidos até o ponto da criminalidade direta, tais como Eichmann. As justificações de Eichmann no julgamento de Jerusalém sugerem diretamente a "desinteresse" do ator totalitário de que Arendt fala em Origens: alguém que se retirou de si mesmo e depositou seu próprio eu e sua capacidade de agir no eu do Führer, identificado com o povo. Como se nada sobrasse de sua espontaneidade, a não ser sua energia vital. Eichmann também se escondeu atrás da famosa "obediência às ordens", mas Arendt presta especial atenção à indicação de Eichmann, segundo a qual ele obedeceu à vontade do Führer, que havia adquirido a força da lei. Claude Lefort chama esta identificação de uma "perversão da lei". No que segue, pretendo basear a nossa análise da perversão totalitária e da perversão da lei em um trabalho recente do jurista Olivier Jouanjan, dedicado à ideologia jurídica como aparece no discurso e na prática do direito nazista.

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Publicado

2022-09-20

Como Citar

Totalitarismo e perversão da lei. (2022). Pescadora De Perlas. Revista De Estudios Arendtianos, 1(1), 96-117. https://revistas.psi.unc.edu.ar/index.php/pescadoradeperlas/article/view/36715