Povos, comunidades e organizações indígenas: encontros e articulações de e na extensão universitária
Resumo
Se nos propomos a elucidar os encontros e articulações entre práticas extensionistas e povos, comunidades e organizações indígenas, devemos assumir certas exigências e condições que tal tarefa exige de nós. Trata-se, antes de tudo, de inscrever esta elucidação em uma relação que transborda e excede os vínculos e relações específicas entre as comunidades e os povos indígenas e a universidade. Nesta linha de trabalho, precisamos ampliar nossa visão do mundo sócio-histórico em que estes vínculos e relações são desenvolvidos, atendendo aos imaginários sociais que dão sentido, sustentam e reproduzem estes vínculos, assim como às suas condições materiais de existência.
Neste sentido, podemos afirmar que a relação histórica entre os povos indígenas e o projeto social moderno/colonial é marcada pela assimetria estrutural que é evidente na aniquilação e exterminação dos primeiros em busca da expansão dos segundos. De forma precipitada e com ritmos nunca antes vistos, no contexto do capitalismo
Podemos até mesmo afirmar que se intensificou na forma que o geógrafo David Harvey chamou de acumulação por despossessão, o que se traduz no avanço sustentado sobre os últimos territórios nos quais esses povos e comunidades foram confinados. Entretanto, e embora possa ser paradoxal, o Estado argentino, em meio ao boom neoliberal e com a reforma constitucional de 1994, reconhece alguns direitos específicos dos povos indígenas (artigo 75, parágrafo 17) e se proclama um Estado multicultural, ao mesmo tempo em que assume "a obrigação de reparar os danos causados aos povos originais". Este processo em nível estadual, que acabamos de descrever, faz sentido e deve ser compreendido no âmbito de processos globais, tais como a Convenção da OIT de 1989 e a subsequente Declaração sobre os Direitos dos Povos Indígenas em 2007 em nível da ONU.
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