Montagem da memória a partir da linguagem do exílio. Escrita e tradução em El azul de las abejas de Laura Alcoba e La resistencia de Julián Fuks.
Palavras-chave:
memória, crianças, exílio, língua, estética literária, testemunhoResumo
Neste artigo, debruçamo-nos sobre os processos de produção de dois romances originalmente escritos na língua do exílio. Referimo-nos ao terceiro romance de Laura Alcoba, El azul de las abejas (2018), cuja língua original de publicação é o francês, e a La resistencia (2018), que foi escrito em português por Julián Fuks, filho de argentinos nascidos no exílio em São Paulo, Brasil. Trabalhamos com as obras traduzidas para o espanhol a fim de problematizar como os filhos de autores e narradores tecem a memória a partir da língua traduzida. Destacamos o facto de estarmos perante filhos e filhas empreendedores da memória (Jelin, 2021) e contadores de histórias (Nofal 2022, 2023) que recorrem a diferentes usos da linguagem para narrar não só a partir do testemunho pessoal, mas também da configuração ficcional que possibilitam a partir do íntimo. Tendo em conta o trabalho dos filhos e filhas de uma segunda geração (Basile, 2019) procuramos distinguir como a literatura molda uma memória narrativa que prevalece na contemporaneidade para compreender as lutas do passado. A estética literária é observada no cruzamento entre a língua materna e a língua do exílio. A língua materna é apresentada através do trabalho de tradução.
Assim, a língua do exílio, nas obras selecionadas, constitui uma memória narrativa que prevalece e permite a estes hijxs expandir o testemunho do terrorismo que despoletou e feriu a língua materna.
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